A Universidade Internacional do Cuanza (UNIC) realizou o I Festival de Curtas Metragens com estudantes do segundo ano do curso de Jornalismo, no qual foram exibidos filmes de cinema documental.
Na tarde do dia 16 de Fevereiro, a Mediateca Abel Abrão, na cidade do Cuito, foi o palco da realização do primeiro grande Festival de Curtas Metragens dos estudantes de Jornalismo da UNIC. A actividade enquadra-se na avaliação prática das disciplinas de Linguagem e Técnica Audiovisual assim como Sociedade Contemporânea, ambas leccionadas pela professora Luciana Guedes.
A professora Guedes afirmou: “A produção dos documentários visam incentivar os estudantes a aplicar os conhecimentos adquiridos na sala de aula sobre produção de audiovisuais, e, ao mesmo tempo reflectir sobre a sociedade em que estão inseridos”.
A mesma, contou com a apresentação de 7 filmes: Soma do Vye, que retrata a origem do reino do Bié, actualmente província do Bié. Conta a história de um homem caçador, chamado Kopeta Vingongombanda, que se instalou nas terras do Bié, quando andava atrás de um elefante durante a caça, isto é, a partir da província da Huíla. Para a produção do filme, o grupo andou por várias artérias do Cuito e obteve informações de fontes conceituadas da província, no caso historiadores.
O segundo filme recebe o nome de Umbanda (Feitiço em português), narra histórias reais de cidadãos que padecem de enfermidades com um diagnóstico complexo sem elucidação da medicina convencional, e por conta disso, os familiares das vítimas acorreram aos tratamentos tradicionais por acreditarem haver alguma força obscura na causa.
Rualidade é o título de outro filme que retrata o dia-a-dia dos bairros mais populosos do Cuito. A história conta experiências de jovens que nasceram e vivem nesses bairros, que por sinal denotam de muita bandidagem, mas apesar disso há quem arregaça as mangas e segue lutando para se superar e vencer na vida, valendo-se da formação e do empreendedorismo.
A Fome, é uma história real de uma família constituída por 17 pessoas, das quais 15 são filhos de um casal e enfrentam necessidades de saneamento básico, habitação e outros bens de primeira necessidade.
O outro grupo exibiu o filme Meninos de Rua, contando a vida de crianças de ambos os géneros, que, na maioria das vezes decidem de maneira voluntária abandonar o ceio familiar e escolher a rua para morar. Sobrevivem de esmolas e de restos de alimentos recolhidos ao lixo. Esse filme intenta ao mesmo tempo chamar a atenção dos progenitores, encarregados de educação e a sociedade a reflectir sobre as suas responsabilidades nos cuidados com as crianças.
Estudantes em Busca de Sucesso é uma história voltada à realidade de muitos estudantes provenientes de lugares longínquos como Cabinda, Luanda, Zaire, Huíla, Namibe, entre outras províncias e encontram-se na Universidade Internacional do Cuanza em busca da sua formação universitária.
Finalmente estreou o filme Cunje, uma exibição da comuna satélite do Cuito. O Cunje retratou a vida social daquela comuna, o seu valor industrial que ostentou na época colonial, os lugares de referência como o Cemitério Monumento, onde jazem antigos combatentes da guerra que envolveu o Cuito no curto período de tempo, mas, muito sangrenta.
Assistiram à exibição o Reitor da UNIC, Dr. João Canoquena, o Decano da Faculdade de Engenharia, Engenheiro Jorge Molina, Afonso Sanguvila, Director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos do Bié, professores da UNIC, estudantes, familiares e amigos dos estudantes que protagonizaram as peças.
Segundo a professora Luciana Guedes, coordenadora do projecto, a escolha da Mediateca Abel Abraão, nome de um conceituado jornalista bieno, que se dedicou a fazer cobertura jornalística do conflito armado do Cuito, foi intencional, pois, “serviu de inspiração e como algo simbólico usarmos o espaço para mostrar o nosso trabalho”.
Celestino Quinta, estudante de Jornalismo da UNIC, conta sua experiência ao participar do evento, afirmando que a motivação na elaboração dos temas, deveu-se às experiências vividas pela sociedade angolana e biena em particular. Reiterou Quinta, “foi uma experiência muito boa, foi um desafio que nos levou além da teoria, foi um exercício muito bom que nos colocou na prática do jornalismo, ir ao campo...”
O estudante, destacou a forma profissional da produção do filme Rualidade, que a seu ver, entre todos os aspectos técnicos, representa um verdadeiro trabalho jornalístico.
O momento foi marcado pela outorga de certificados de mérito às duas melhores obras jornalísticas apresentadas, nomeadamente, Umbanda e Rualidade, assim como outras apresentações culturais, como poemas, músicas, teatros, humor, talentos dos próprios estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Internacional do Cuanza.